Era o momento de voltar aos antigos
hábitos: foder com mulheres que não queiram mais do que o meu pau entre suas
pernas. Mulheres que não me faça perder noites de sono pensando no “se”.
Se fosse diferente.
Se eu conseguisse.
Se...
se... se...
Se ela soubesse de tudo riria da
minha cara. Eu não suportaria ver mais ninguém rindo de mim ou me fazendo de
idiota.
Chega
dessa merda!
Caminhei para a entrada do Clube
Sex, vinha aqui pelo menos três vezes na semana, mas nos últimos meses não
apareci. O motivo tem nome.
Fernanda.
O ambiente estava lotado como
sempre, mesas ocupavam o local, a pista de dança era enorme e o bar sempre servia
as melhores bebidas. Sento em uma das mesas e peço um Whisky Chivas Regal 25 anos para começar. Assim que o garçom traz a
bebida e o líquido quente desce por minha garganta a tensão alivia um pouco.
- Quando te vi pensei que fosse uma
miragem. – uma voz dengosa sussurra em meu ouvido.
Viro a cabeça a tempo de ver a
mulher morena sair detrás de mim e ficar na minha frente, meus olhos passam com
interesse por seu corpo, belas pernas, belos seios e uma bela boca carnuda.
- Patrícia. – falo a reconhecendo.
- Fico feliz que se lembre de mim
Alexandre. – deu um sorriso aberto sentando-se ao meu lado na mesa.
Pensei
em lembrá-la de que não a convidei para sentar, mas me detive.
- E então? Por que sumiu? – falou
deslizando os dedos pelo meu tórax.
- Muito trabalho. – digo tomando um
gole do meu whisky.
Sua mão pousa na minha perna e sobe
até o meu pau e ela o aperta.
- Que tal matarmos a saudade? –
pergunta manhosa.
- Não estou afim. – respondo a
encarando.
Ela ri.
- Acho melhor você avisar isso para
o seu companheiro aqui. – Patrícia aperta mais meu pau e eu respiro fundo. –
Senti sua falta.
Sei
do que você sente falta... do meu dinheiro.
Eu
te pagava muito bem para manter essa boca fechada e em volta do meu pau.
- E então? – insiste erguendo uma
sobrancelha.
Não sei por que, mas penso na
Fernanda. Ela parece um fantasma assombrando a minha mente. Ignoro o pensamento
e forço um sorriso encarando a mulher ao meu lado.
- Acho que meu pau vai gostar de ter
sua boca em volta dele essa noite.
******
Levo-a para um quarto de hotel. Ela
senta na cama, abre as pernas, afasta a calcinha e começa a se tocar. Tomo a
decisão de não comê-la, apenas um boquete deve servir para me fazer relaxar.
Levo minhas mãos aos botões da calça
e os abro, desço calça e cueca até o joelho, meu pau sai ereto para fora e olho
para ela. Patrícia lambe os lábios e vem engatinhando até mim, se apóia em
minhas pernas e então sobe, pega o meu pau com ambas as mãos e faz os
movimentos de vai-e-vem.
Fecho os olhos e tento me concentrar esperando
sua boca me chupar.
No
fim você só mostrou ser o que eu sempre achei que você fosse. Um babaca.
Agora
eu vou agradecer se você sair da minha casa. Na verdade eu nunca deveria ter te
deixado entrar na primeira vez.
Dou um salto para trás e Patrícia me
olha assustada.
- O que houve? Não estava gostando?
Meu estomago embrulha. A corrente de
ar é impedida de entrar em meus pulmões. Levanto calça e cueca me recompondo.
Preciso
sair daqui.
Patrícia se ergue e encosta em mim
envolvendo meu pescoço com os braços.
- Qual o problema Alexandre?
Retiro suas mãos do meu pescoço e
dou um passo para trás, pego minha carteira no bolso da calça e apanho algumas
notas de cem.
- Seu pagamento.
Ela pega e franze o cenho.
- Mas nem fizemos nada. – sorri sem
graça.
- É pelo tempo que fiz você perder
comigo te trazendo até aqui. – explico.
Ela abre a boca sem emitir nenhum
som e eu saio pela porta sem olhar para trás.
Para um homem a pior coisa não é
broxar. O ruim mesmo é quando seu pau sobe e mesmo assim você não sente vontade
de ir além.
Minha
única vontade é de estar com ela...
Sentia orgulho de mim mesma. Se você
estivesse aqui também sentiria. Eu não estava me descabelando, dramatizando e
contribuindo para o aumento da água salgada no planeta chorando pelos cantos.
Não vou mentir e dizer que não estou sofrendo, estou até passando pelos
Estágios do Pé na Bunda, sem descer do salto é claro.
Todo pessoa normal que leva um pé na
bunda passa por esses estágios, não necessariamente na mesma ordem, mas passam.
São estágios bem loucos e avessos ao extremo:
Estágio 1: Raiva. Você sente raiva
de tudo. Do mundo por ser tão injusto, de você mesma por ter sido tão burra e
principalmente do cara que te deu um chute. Então você deseja que o pau dele
caia ou que no mínimo não suba pelos próximos cinquenta anos.
Estágio 2: Valorização. Você se
exalta ao extremo. E fala frases do tipo: “Ele nunca vai encontrar alguém como
eu?” ou então “Ele não me merece”.
Estágio 3: Depreciação. Agora é você
que não é boa o suficiente. Aí você começa a se perguntar se o problema não é
com você, se fez algo de errado.
Estágio 4: Sessão do descarrego.
Aquele momento que você coloca tudo pra fora de duas maneiras: chorando ou
falando mal do cara para as amigas.
Estava evitando ao máximo passar por
este estágio. Ninguém sabe sobre mim e o Alexandre e não vai ser depois de um
pé na bunda que irei contar, então só me resta chorar sozinha e isso eu me
negava a todo o momento.
O pior são as lembranças. Por mais
que você se esforce para não pensar elas sempre vem e qualquer coisa te faz
lembrar a pessoa, um cheiro, uma frase, um gesto ou até mesmo uma música. Seria
tão mais fácil se quando o cara decidisse sair da sua vida todas as lembranças
e sentimentos fossem juntos com ele.
Cadê
os caras do MIB - Homens de Preto com aquela parada que apaga a memória quando
a gente precisa?
******
No domingo resolvi cuidar de mim,
voltaria para a empresa no dia seguinte e pelo menos exteriormente queria
mostrar que estava bem. Nunca no Brasil iria deixar o Alexandre perceber meu
sofrimento, fazer papel de vitima não combinava comigo, afinal ninguém morre
porque levou um pé.
Passei no salão e fiz a unha, pensei
também em mudar a cor do cabelo. Sou loira natural, mas mudar sempre é bom. Talvez
ficar morena, ruiva, ou só fazer um corte mesmo. No fim acabei desistindo. Gostava
demais da cor dos meus cabelos, resolvi então apenas dar uma hidratação e uma
escova para finalizar.
O
resultado foi divino. Cabelos de comercial de shampoo!
Não resisti e passei no shopping,
precisava reabastecer as minhas roupas de escritório. Comprei alguns vestidos,
saias, blusas sociais e meia dúzia de sapatos. O que uma tarde no shopping não
é capaz de fazer não é mesmo? Saí de lá uma nova mulher.
O
Fábio Junior que me desculpe, mas a verdadeira alma gêmea de uma mulher é o seu
cartão de crédito!
Já em casa eu tentava me preparar
para ver o Alexandre no dia seguinte, teria que ter muito jogo de cintura para
lidar com a situação, ele não era mais o meu chefe, mas ainda trabalhávamos na
mesma empresa, empresa essa que ele era o dono e então tecnicamente ele ainda era
meu chefe.
Não dava para simplesmente fingir
que ele não existia. Mais cedo ou mais tarde íamos acabar tendo que trocar
algumas palavras em alguma reunião. A melhor tática era ser profissional, não
deixar que minha vida pessoal atrapalhasse a minha carreira. Precisava ser
superior, mostrar amadurecimento e ser melhor que tudo isso.
E
eu era, pode apostar!
O que magoou não foi ouvir que tudo
o que aconteceu entre nós não passou de um sexo casual pra ele, mas sim saber
que isso era uma baita de uma mentira e que ele falou só para me atingir. Por
que ele mentiu? Seria só medo ou tinha algo mais?
Agora isso não importava, seja lá
por quais motivos ele tomou sua decisão e por mais que você goste, não pode
obrigar ninguém a ficar com você.
No final das contas a derrota foi
minha ou dele? Quem escolheu jogar fora as coisas? Quem saiu correndo com medo
do que sentia?
Porque apesar de negar veemente ele
sente. Pode não ser com a mesma intensidade que eu, mas sente.
Uma lágrima discreta escorreu pelo
meu rosto, em seguida outra e mais outra. Não adianta dizer que ele não merecia
nenhuma delas, eu sabia disso, mas me permitir ter esse momento, precisava
passar por ele hoje porque amanhã seria outro dia.
E em minha opinião essa era a melhor
qualidade da vida.
Apesar de tudo ela sempre seguia seu
curso.
******
Parecia que me preparava para uma
guerra e não um dia normal no trabalho. Coloquei uma das minhas roupas recém
compradas: saia lápis preta, blusa social branca e sapatos altos pretos.
Coloquei nas orelhas brincos de
prata e uma leve maquiagem no rosto, dessa vez deixei meus cabelos soltos. A
cabeleireira havia feito um ótimo trabalho e eu não queria acabar com ele
fazendo um coque. Olhei-me no espelho e me senti feminina, mas forte e
profissional ao mesmo tempo.
Eu
estava pronta.
Cheguei mais cedo do que o meu
horário habitual. Sabia que o Alexandre sempre chegava as oito então tentei
evitar um encontro. Passei pelo saguão e fui até o elevador. Meus olhos se
fixaram no homem que estava parado esperando o elevador chegar.
Oh
merda! Parece que alguém teve a mesma ideia que eu.
Preparei-me o final de semana
inteiro para aquele momento e agora que havia chegado queria correr como se
estivesse em uma maratona, já estava quase fazendo isso quando ele virou e me
viu. Seus olhos passaram por meu corpo e o ouvi gemer baixinho. Nos encaramos.
Meu coração batia tão rápido que pensei que talvez ele pudesse ouvir.
O elevador apitou dando sinal de que
havia chegado, as portas se abriram e a gente continuou no mesmo lugar. Ele
estava diferente, com uma expressão cansada de quem não havia dormido a noite
inteira. Imaginar o porquê fez a ferida em meu coração abrir mais um pouco. Teria
ele passado a noite com alguém?
- Bom dia. – me cumprimentou serio
entrando no elevador.
- Bom dia. – respondi displicente.
Era
isso que eu tinha que fazer, tratar ele como uma pessoa normal, ser fria.
- Você vem? – perguntou erguendo uma
sobrancelha.
Eu poderia dizer que não e o deixar
ir sozinho, mas iria ficar claro que estava fugindo. Precisava fingir que ele
não me afetava, se tem uma coisa que nós mulheres sabemos fazer como ninguém é
dissimular, claro que no bom sentido. Somos divas, seres evoluídos.
Fingimos dor de cabeça quando não
queremos transar.
Fingimos não se importar quando na
verdade nos importamos.
Dizemos sim querendo dizer não.
Dizemos não querendo dizer sim.
Eu
iria tirar aquilo de letra ou não me chamaria Fernanda!
Dei o meu melhor sorriso, respirei
fundo e entrei naquela droga de elevador com ele.
- Claro. Por que não iria? – o
desafiei.
As portas se fecharam e apertei o
botão do meu andar que era um abaixo do dele. Ficamos em silêncio olhando para
frente enquanto o elevador fazia o seu curso. Ele pigarreou chamando minha
atenção. Acabei olhando-o no mesmo instante que ele virava o rosto para me
encarar. A tensão ficou quase palpável,
a saudade também.
Virei o rosto pra frente, mas ele
continuava me encarando. O elevador nunca demorou tanto para chegar, eu sei
eram muitos andares, mas será que essa merda não poderia chegar um pouco mais
rápido?!
E
porque ele não parava de me olhar? Aquilo já estava ficando desconcertante!
- Caralho! – esbravejou possesso.
O olhei assustada e ele se aproximou,
estava tão perto que pude ver com clareza todo o esplendor dos seus olhos e
sentir o seu cheiro tão familiar. Alexandre esmurrou o botão do elevador, as
portas se abriram e ele saiu, mas antes voltou a apertar os botões para que as
portas se fechassem. Fiquei sozinha boquiaberta no elevador sem entender nada.
Gente o que eu fiz?
Merda!
Tive que sair daquele elevador antes
que enfiasse minha língua na boca dela e erguesse suas pernas para que
abraçasse minha cintura. Depois eu afastaria sua calcinha para o lado e
enfiaria dois dedos na sua boceta molhada até que ela gemesse baixinho no meu
ouvido.
Eu não tenho dormido e nem comido
direito desde que a tirei da minha vida. Ela parece tão bem, tão confiante e
mais linda. Como isso é possível?
Bati com o punho cerrado na minha
mesa e soltei vários palavrões.
O
que eu tenho que fazer pra tirá-la da minha cabeça?
Vivo com um tesão constante durante
todo o dia. Ontem bati o recorde, foram dez. Dez ponhetas. Todas na intenção
dela. Desde o desastre com a Patrícia não voltei ao Clube Sex. Do que iria adiantar? Não consigo nem comer outra
mulher, quer dizer, se eu me esforçar até consigo, o problema é que não tenho
vontade.
E
por que diabos ela está tão bem?!
No mínimo deveria estar um pouco
triste. Era assim que gostava de mim? Bom falar com todas as letras ela nunca
falou, mas deu indícios, não deu?
Ou será que eu imaginei?
E se entendi tudo errado e a
Fernanda na verdade nunca quis nada sério comigo? Se for isso fui um idiota de
merda, porque a perdi.
- Com licença Sr. Alexandre. – Marta
a secretária que contratei para substituir Fernanda entra na minha sala.
- O que é Marta? – pergunto de mau
humor.
- É... o Sr. pediu para avisar
quando todos estivessem reunidos na sala de reunião. E eles estão lá a mais de
vinte minutos esperando pelo senhor.
Porra!
Tinha esquecido.
- Eu já estou indo. Estava
terminando de analisar alguns... relatórios. – menti.
- Claro eu vou avisá-los. – disse se
retirando.
Agora eu tinha uma droga de uma
reunião. Tenho que me concentrar, o que vai ser uma missão impossível visto que
a Fernanda vai estar lá.
Que Deus me ajude.
******
A maioria dos funcionários
administrativos estavam presentes na sala de reunião sentados em volta da
grande mesa. Entro e cumprimento a todos com um aceno de cabeça ficando de pé
de modo que possa olhá-los nos olhos.
Fernanda está sentada em uma das
cadeiras da frente ao lado do Dr. Tomas.
Porra
ela tinha que sentar logo aqui? Respira Alexandre.
- Bom o motivo dessa reunião de
última hora é uma noticia que quero compartilhar com vocês. O congresso em
Veneza superou todas as perspectivas e conseguimos a parceria com os italianos.
A comemoração é geral, cheia de
gritos e palmas por um longo tempo. Assim que os ânimos se acalmam recomeço a
falar.
- Depois de muita negociação um dos
italianos presentes no congresso aceitou a parceria e resolveu fazer parte da
nossa equipe. Seu nome é Lorenzo Buttelli, ele estaria aqui presente, até veio
comigo de Veneza, mas teve que voltar para Itália devido a...
Perco a concentração. Fernanda nesse
momento está com a caneta na boca, seus lábios cheios circulam a tampa da
caneta de um jeito extremamente sexy, da mesma forma que ficavam em volta do
meu pau.
- Alexandre está tudo bem? –
pergunta Dr. Tomas preocupado.
Saio do transe e olho para vários
rostos me observando.
- Claro. Como eu ia dizendo... O que
mesmo eu estava dizendo?
- O motivo que impediu o Sr.
Buttelli de estar aqui hoje. – Fernanda responde com um sorriso nos lábios.
Maldita!
Ignore-a Alexandre. É só não olhar pra ela.
- Lorenzo Buttelli infelizmente teve
que voltar para a Itália devido a problemas familiares. – continuo seguro
evitando a todo custo olhá-la.
- Em que lugar da Itália será a
filial? E já temos uma data especifica para a inauguração? – perguntou um dos
diretores.
- Será em Roma. Dentro de no máximo
seis meses mais uma filial das Organizações McConaughey abrirão as portas. –
falei orgulhoso. – A escolha de Roma foi pelo fato de ser um dos centros mais
movimentados de negócios em toda a Europa. Não vou negar que tenho uma
preferência pessoal por Roma. É claro que o cenário da cidade ajudou muito, recebe
turistas o ano inteiro, tem ótimas relações internacionais além de belas...
pernas.
Puta
que pariu!
Fernanda acabou de dar uma cruzada
de pernas a la Sharon Stone que me deixou sem fôlego. Meu corpo esquenta e meu
pau acorda para uma ereção latente.
- Belas pernas? – pergunta Dr. Tomas.
Tiro os olhos das pernas da Fernanda
e sento imediatamente na cadeira atrás da mesa para esconder minha ereção. Na
sala todos me encaram como se eu estivesse louco.
- O que foi? – questiono irritado.
- Você disse belas pernas. – Dr.
Tomas responde.
Um ataque de tosse me assalta. Encaro
Fernanda e ela tenta esconder um sorriso, vamos ver se ela vai continuar rindo
até o fim do dia.
- Eu disse paisagens. – afirmei
serio com uma cara de pau impressionante.
- Eu tenho certeza que ouvi pernas.
– reafirmou Dr. Tomas. – Vocês também não ouviram?
Um uníssono “sim” se faz ouvir na
sala.
Caralho!
Dou um olhar mortal para a Fernanda
e levanto da cadeira. Pego alguns papeis e coloco disfarçadamente na frente do
meu pau para que ninguém veja que estou duro e a situação piore de vez.
- Estou com uma terrível dor de
cabeça e vou pedir para que minha secretária remarque está reunião para outro
dia. Com licença.
Saio apressado deixando meus
funcionários boquiabertos.
Eu
acabo de abandonar uma reunião! Oh merda!
******
Sentia-me um maníaco. Estava a mais
de uma hora na sala de copias esperando a Fernanda entrar a qualquer momento.
Posso afirmar com toda a certeza que todo mundo já entrou aqui hoje, menos ela.
A cada pessoa que entrava eu me escondia
atrás de um dos armários.
Quando a porta se abriu pela
milésima vez e quem eu queria entrou e o melhor de tudo sozinha soltei o ar
devagar. Eu estava puto com ela. E agora iríamos ter uma conversinha nada
amigável.
Fernanda estava tão concentrada
tirando xerox que nem percebeu quando sai sorrateiramente detrás do armário e
tranquei a porta. Estou sentindo tanta ira que tenho vontade de esmurrar alguma
coisa e foi exatamente o que fiz. Dei um soco na porta e ela saltou se
assustando.
- Qual é o seu problema hein? –
perguntou com raiva. – Ficou maluco?!
- Justamente. Eu vim resolver o meu
problema. Vamos conversar. – ditei me aproximando.
Ela ergue a sobrancelha com pouco-caso.
- É sobre a empresa?
- Não.
- Algum problema relacionado ao
trabalho?
- Não.
- Então nada do que você possa dizer
vai me interessar. – ela pegou as copias que acabaram de sair da maquina e
tentou passar por mim, mas continuei exatamente onde estava.
- Sai da frente. – rosna.
- Para que ficar me provocando
daquele jeito?! – me irrito pegando forte no seu braço.
Ela dá uma gargalhada e se
desvencilha com um gesto brusco.
- Como você é engraçado. Agora tudo
o que eu faço é para te provocar? Você não tira os olhos das minhas pernas,
quer dizer você não tira os olhos de mim e a culpa é minha?
- É sua! Você fica me atormentando,
me provocando. O que você quer com isso porra?! – falo torturado.
Aquela
voz desesperada era mesmo minha?
Olho para sua boca e fico aflito.
Como sinto falta dela colada na minha. Dou um passo em sua direção e ela se
distancia colocando a mão na frente.
- Se você der mais um passo eu
grito.
- Agora é assim?
Ela ri sarcástica.
- E você achou que seria como? Eu
achei que você já havia me dito tudo o que queria na minha casa.
- O que eu fiz foi o melhor para nós
dois.
- Ah agora covardia se chama
nobreza? Cara você... – ela para e me olha atentamente, depois assume uma
expressão fria. – Você tem razão, foi melhor assim. Foi um engano terrível
achar que você seria o que eu precisava.
Eu não digo nada. Suas palavras
passam por minhas defesas e atingem como balas um lugar que eu achei que não
doeria nunca mais.
- Você não entende. – falo tão baixo
que achei que ela não escutaria.
- Então por que você não explica?
Quer saber, não quero nem ouvir. O que eu quero é que você me deixe em paz.
Engulo em seco.
Destranco a porta e saio dali prometendo
a mim mesmo nunca mais procurá-la de novo. Ela teria a paz que tanto queria.
O
pior é que a minha eu havia perdido desde o dia que resolvi tirá-la da minha
vida.
Parabéns
Alexandre!
Desde aquela discussão super
estranha na sala de copias uma semana se passou. Alexandre levou minhas
palavras a serio e não veio mais falar comigo. A raiva pelo chute que ele me
deu havia diminuído, mas a dor ainda estava presente me torturando cada vez que
o via e isso acontecia raramente agora. Ele estava me evitando, sabia disso. A
maior parte do tempo ficava na sua sala e evitava ao máximo ir até o andar do
Dr. Tomas.
Tomei mais um gole do meu café,
estava no refeitório aproveitando algumas horas de descanso.
- Posso me sentar com você?
Ergo a cabeça e Marta me fitava com
uma expressão cansada. Quando olhava pra ela só conseguia ver a pessoa que
tomou o meu lugar como secretária. Ok ela não tomou, foi ele que me tirou do
cargo.
- Claro. – a coitadinha estava com
uma expressão tão péssima que não tive coragem de dizer não.
Marta sentou comigo na mesa em uma
cadeira na minha frente.
- Eu não estou aguentando mais. –
bufou colocando a mão no queixo.
Pisquei os olhos várias vezes. Não
sabia se ela estava pensando alto ou se realmente falava comigo.
- Qual o problema dele? É a
reencarnação do demônio, só pode! Ele sempre foi difícil de aturar, mas essa semana
está insuportável. Nada está bom, tudo o que eu faço está errado. Ele reclama
do meu café, dos meus relatórios e das minhas planilhas. Eu tenho absoluta
certeza que não tem nada de errado com o que eu faço! Ele que resolveu me pegar
para Cristo me crucificando a semana inteira. Pensei até em pedir demissão, é
muita pressão, mas não dá. Meu marido acabou de perder o emprego, não posso me
dar ao luxo de ficar desempregada. – seus olhos encheram-se de lágrimas e ela
colocou as mãos no rosto.
Fiquei meio sem ação com o desabafo,
nada me vinha na cabeça para dizer a ela.
- Deve ser... uma fase ruim. –
gaguejei.
- Você acha? – me olhou suplicante.
- É. – tentei sorrir.
- Ele está tão estranho...
- Estranho como?
- Tipo ele chega todos os dias com
uma cara péssima, típica de quem não dormiu bem.
- Vai ver ele anda tendo noites bem
movimentadas. – disse disfarçando uma irritação.
- Oh não. – negou com a cabeça. – Se
fosse isso ele não chegaria de péssimo humor. Ele está abatido, eu diria que
quase triste.
Abri a boca, mas a voz não saiu. De
repente veio uma vontade de olhar pra ele, abraçá-lo ou somente perguntar se
estava tudo bem.
Para
com isso imediatamente Fernanda! Onde você está com a cabeça?! Foi ele quem
quis assim. Ele te deu um chute.
- Bom eu... tenho que ir. – falei me
levantando apressada. – Boa sorte com o Sr. Alexandre.
******
Já
era quase fim de expediente quando o Dr. Tomás me chamou na sala dele me
pedindo para levar os contratos da nova filial na Itália para o Alexandre. Era
a primeira vez que o Dr. Tomás me mandava entregar alguma coisa para ele, é
claro que eu não precisaria entregar nas mãos dele, era só deixar com a Marta
que ela se encarregaria de encaminhar.
Não
precisaria nem vê-lo.
Respirei fundo pegando o elevador,
assim que cheguei ao último andar e as portas se abriram uma cena chamou minha
atenção.
- Você tem que me deixar entrar lá!
– uma mulher elegante gritava.
- Minha senhora acalme-se. O Sr.
Alexandre só atende com hora marcada. – Marta explicava com uma calma que
estava longe de sentir.
Observei a mulher em questão,
deveria ter no máximo uns 35 anos. Era morena com uma pele cor chocolate impecável,
seus cabelos castanhos super iluminados caiam até o meio de suas costas, seu
corpo cheio de curvas estava coberto por um vestido branco de corte finíssimo.
- Escuta aqui coisinha. – gritou
fulminando a Marta com o olhar. – Eu acho melhor você me deixar entrar ali. –
apontou para a sala do Alexandre.
Detestei-a imediatamente. Quanta
arrogância!
Ninguém tem o direito de tratar
nenhum ser humano como se ele fosse inferior. Na minha época já teria colocado
aquela barraqueira em seu devido lugar.
Andei a passos largos até chegar
onde a cena se desenrolava. A mulher sentiu minha presença e se virou, seus olhos
passearam por mim com desdém como se eu fosse uma barata cascuda.
- E você quem é? – me olhou erguendo
uma sobrancelha. – Também é secretária dele?
Sorri cinicamente o que fez ela me
dar total atenção. Agora mais de perto percebi que ela tinha uns oito
centímetros a mais que eu.
- Não. – respondi. – Sou
ex-secretária.
Ela deu uma risadinha irritante.
- Pelo visto o Alexandre continua
com os mesmos hábitos. Vive tirando as pessoas da vida dele. – insinuou.
Ela parecia ser íntima dele. Agora
não só a detestava, como odiava também.
- Também sou uma ex. – continuou. –
A diferença entre mim e você é que no meu lugar ele nunca foi capaz de colocar
outra.
Agora eu estava literalmente voando
pelo espaço sideral. Do que aquela louca estava falando?
Olhei para Marta que também estava
com cara de quem não entendia nada, voltei a atenção para a doida de pedra.
- Não entendi. – disse confusa. –
Como assim ex?
Ela me avaliou como se estivesse
pensando se deveria ou não me responder, por fim sorriu revelando dentes
brancos e perfeitos.
- Prazer. – disse estendendo a mão.
– Rebeca Ventura. Ex-esposa do Alexandre.
Cuma?
Meu queixo foi pro chão. Pensei não
ter ouvido direito ou entendido errado, mas pela cara da tal Rebeca ela disse
exatamente o que eu ouvi. Segurei na mesa para não cair, sua mão ainda
estendida esperando o meu aperto.
Uma
ovada na cabeça dela que eu iria apertar!
Lembra da caixa de pandora?
Pois é, ela acabou de ser aberta.
Sabia que o conteúdo não era nada bom, só não imaginei que de dentro dela
sairia uma mocréia.
6 comentários:
Kkkk gostei do mocreia. Ansiosa pra continuar a lendo.
Hahaha
Rebeca veio para aprontar muito!
Isso é malvadeza, não gosto de ficar tão ansiosa Rsrsrs. Quando sai os próximos capítulos. ..
Essa semana sai mais um!
Muito obrigada por estar acompanhando... :)
Como o Alexandre pode aguentar essa mulher insuportável da Rebeca parece uma mulher muito enjoada... pior que gosto de coisas inesperáveis e isso realmente é inesperado, só sinto pena da coitada da Fernando pois vai apimentar quero dizer... salgar mais a vida dela -.-
Realmente a Rebeca não é flor que ser cheire! Rs
Ela chega para conturbar a vida do Alexandre e da Fernanda, mas vai também fazê-lo entender algumas coisas... *-*
Postar um comentário
Olá pessoal, gostaria muito de saber a opinião de vocês sobre o que está sendo postado. Comentem a vontade...