A Vitória (Parte I)
-
A documentação, assim como o contrato de vendas da última negociação com os
coreanos foram encaminhados para o setor jurídico, a receita deverá ser feita de
acordo com as previsões e planos de crescimento e entregue antes da próxima
reunião com a diretoria. Ah e o novo programa de gerenciamento já está pronto,
temos que marcar a data em que começarão as supervisões de treinamento. Agora
vamos aos seus recados. – Geise passa para a próxima folha de seu bloco de
notas e ajeita os óculos no rosto. – Simone Albuquerque, diretora da Master,
solicitou uma reunião para a semana que vem. Marta me pediu para lembrá-la do
jantar marcado para hoje na casa dela e o Sr. Alexandre também deixou um
recado. – ela me olha com as bochechas rosa.
Tento
conter um sorriso e coloco a mão no queixo um tanto divertida.
-
Hum... e o que o Sr. Alexandre disse Geise?
Ela
toma uma postura altiva tentando disfarçar o constrangimento. Geise era jovem,
mas extremamente competente, quando fiz a entrevista para escolha da minha
secretária ela era uma das candidatas, em poucos minutos de entrevista Geise me
fez ver que ela era a pessoa que eu estava procurando.
-
Bem ele disse... – ela limpa a garganta. – “Querida, poderia me ligar assim que
possível ou terei que marcar uma reunião para falar com você?” – Geise tira os
olhos do bloco de notas e me encara. – Ah... ele estava um pouquinho exaltado
pelo que pude perceber.
-
É eu sei... ele nunca me chama de querida. – dou um sorriso. – Geise, ligue
para a Marta e diga que não esqueci do jantar, quanto a Simone Albuquerque
marque uma reunião para o fim do mês, semana que vem eu vou me casar e estarei
sem condições para pensar em trabalho.
-
Oh Dona Fernanda me desculpe. – Geise coloca a mão na boca. – Não me lembrei do
casamento... caso contrario teria esclarecido a Simone Albuquerque a
impossibilidade de marcar uma reunião para a semana que vem.
-
Está tudo bem Geise. – a tranquilizo. – Ligue e explique, tente agendar para o
fim do mês, não creio que ela tenha urgência. Bom... eu vou retornar a ligação
do Alexandre.
Geise
assente e se retira da sala, então eu pego o telefone e ligo para o meu futuro
marido. A nova secretária dele é quem atende, com a licença maternidade da
Marta uma secretária temporária foi posta em seu lugar. Alexandre não admitia,
mas eu sabia que ele não via a hora da Marta voltar. Esperei alguns segundos na
linha e em seguida a ligação foi passada para ele.
- Agora eu tenho
que deixar recado com a sua secretária para conseguir falar com você! Por que a
porra do seu celular só vive desligado? Pode me explicar?
– ele diz irritado sem nem ao menos me cumprimentar primeiro.
-
Oi para você também, o meu celular descarregou, ele não vive desligado.
- Fernanda eu
entendo o seu esforço, sei que não quer decepcionar ninguém e que a pressão em
cima de você depois que assumiu o cargo do Dr. Tomas está grande, mas você não
acha que está exagerando? Trabalhando demais?
-
Alexandre, eu sou Diretora Comercial agora, Dr. Tomas praticamente teve que
brigar com metade dos acionistas para que eles me aceitassem no cargo, estou
pisando em ovos há meses, existem pessoas que esperam apenas um deslize meu
para partirem pra cima de mim. – retruco aborrecida.
Talvez
eu estivesse realmente trabalhando demais, mas não seria para sempre, era só
até ganhar a confiança dos acionistas, quero mostrar para eles que sou capaz,
que o Dr. Tomas não estava errado. Poxa o nosso casamento é semana que vem e
vocês não tem ideia do quanto estou esgotada. Ser ao mesmo tempo Diretora
Comercial e noiva está muito difícil, é claro que Alexandre e Marta estão me
ajudando, mas ainda assim a exigência é grande.
- Lindinha eu sei
de tudo isso, mas não quero que você entre em colapso. Não consigo me lembrar
da ultima vez que conseguimos jantar juntos na cobertura.
– ele continua.
-
Alexandre nós jantamos juntos na sexta passada. – eu respondo abrindo a minha
caixa de email, o setor financeiro ficou de me mandar algumas planilhas.
- Essa semana você
chegou tarde todos os dias. – ele faz questão de lembrar.
Solto
uma respiração pesada. Realmente cheguei tarde, mas é que devido ao casamento
tiraríamos três dias de lua de mel, então eu tinha que adiantar tudo o que
podia e isso significava passar mais tempo na empresa..
-
Eu não acredito que vamos discutir isso agora e ainda mais aqui, no meu horário
de trabalho. – o censuro. – Conversamos em casa.
- Como se você
nunca está lá?! – seu tom de voz agora é um pouco
desesperado. – Fernanda eu nem sequer te
vi hoje! Acordei pela manhã com um bilhete seu em cima da cama dizendo que teria
que chegar mais cedo a empresa, conversar por telefone não é a melhor maneira
de resolver a situação, mas para mim isso foi a gota d´água. – ele para um
pouco e eu posso ouvir sua respiração. –
Lindinha faz uma semana que a gente não transa, não quero que me ache um
insensível que só pensa no próprio pau, mas eu realmente estou preocupado
conosco. Eu sinto a sua falta, eu gosto da Fernanda profissional, a Diretora
Comercial bem sucedida, mas eu gosto mais da outra Fernanda, a minha Lindinha,
a mulher que na próxima semana será oficialmente minha esposa.
Engulo
em seco me sentindo a pior pessoa do mundo, eu estou me desdobrando em duas
para não decepcionar meia dúzia de engravatados que muitas vezes nem sequer
reconhecem o meu esforço e em troca estou magoando uma das pessoas mais
importantes pra mim.
Merda isso não sou
eu!
Essa dama de ferro
desligada da vida pessoal definitivamente não sou eu!
-
Alexandre...
Nesse
momento Geise abre a porta da sala do Dr. Tomas, digo da minha sala (eu tenho
que me acostumar com isso) e entra.
-
Dona Fernanda me desculpe... – diz constrangida. – Não sabia que ainda estava
ao telefone.
-
Pode falar Geise.
-
A sua reunião com o administrativo começa em cinco minutos.
Merda!
-
Ah... eu já estou indo... – dou um sorriso inseguro.
Ele
assente e sai fechando a porta.
-
Alexandre eu...
- Tem que ir.
– ele completa com a voz triste. – Eu
escutei... você tem uma reunião.
Merda
eu quero me bater agora!
-
Eu prometo que em casa conversamos.
- Você está se lembrando
do jantar na casa da Marta não está?
-
Ah claro que estou. – Porque ela me
ligou! Completo mentalmente.
- Eu comprei um
carrinho para o Gugu. – ele fala de um jeito bobo e
aquilo balança o meu coração.
Gugu
era o filho da Marta, o nosso afilhado, e hoje ele completava três meses. Na
verdade o nome era Gustavo, mas Alexandre o apelidou de Gugu. Meu afilhado é a
coisa mais gostosa do mundo, sua pele macia tem uma cor morena e seus cabelos são
pretos e lisos, mas tão lisos que nossas mãos chegam a escorregar.
Não
foi somente a minha vida profissional que mudou nestes últimos oito meses, o
homem que amo também. Acho que o Gustavo veio com uma missão especial:
transformar o Alexandre. Depois daquela ultrassom algo dentro dele aflorou, por
incrível que possa parecer ele foi em muitas outras e ficou até o final da
consulta sem sair correndo como um fugitivo. Marta adorava é claro, ela se gabava
para as outras pacientes dizendo que o padrinho do filho era participativo. Mas
o mais estranho mesmo foi quando o Gugu nasceu, Marta estava na maternidade e
eu e o Alexandre fomos visitá-la, Gugu estava nos braços dela e não parava de
chorar, ela já tinha dado o peito e ele não quis. Eu que sempre me orgulhei do
meu tato com bebes o peguei no colo, mas para minha total decepção ele só
chorou mais. Então eu o ofereci para o Alexandre que até aquele momento estava
no canto do quarto hipnotizado olhando para o Gugu, ele ficou frio na hora, mas
estendeu os braços e o pegou um pouco desajeitado. O bebe parou de chorar
instantaneamente.
Isso
mesmo. Babem!
Simplesmente
fiquei parada feito uma pata choca me perguntando se aquele homem era o mesmo
que me disse que tinha trauma com bebes. Desse dia em diante acho que Gugu e Alexandre
desenvolveram algum tipo de ligação, Marta fala que o Gustavo escolheu o
Alexandre como pai do coração.
- Você acha que ele
vai gostar? – a voz ansiosa do Alexandre me
traz de volta. – Tem até controle remoto!
Dou
uma risada.
-
Amor ele ainda é pequeno para brincar com essas coisas.
- Mas ele vai
crescer. – rebate e eu aposto que neste momento ele tem
o cenho franzido.
-
Eu acho que o Gugu vai gostar. – falo suave. – Quando puder brincar, é claro. –
complemento.
- Então eu posso te
esperar no saguão para irmos juntos?
-
Tudo bem. Até mais tarde.
- Fernanda?
-
Oi.
- Eu amo você.
– diz com emoção.
Ouvir
aquilo traz um alivio enorme, é a sua forma de mostrar que apesar de eu estar
sendo uma idiota obcecada por trabalho ele ainda consegue me amar.
-
Eu também amo você. – respondo antes de desligar.
******
Merda!
A reunião com o administrativo durou mais do que o esperado. Eu estava atrasada
meia hora! A Marta vai me matar... pior o Alexandre vai me matar! Ele odeia
atrasos.
Assim
que o elevador abre as portas saio para o saguão, caminho a passos largos tentando
equilibrar as minhas inúmeras pastas quando uma risada me faz estacar e olhar
para frente. Era o Alexandre, ele conversava com a Alicia e estava rindo. Na
verdade ele soltava uma gargalhada estrondosa e aquilo me incomodou pra cacete.
Eu adorava a gargalhada dele, mas ultimamente não a estava escutando muito e a
culpa era minha. As horas em que eu deveria passar com ele para escutá-la eu
passava na empresa.
Alice
o toca no braço em um gesto intimo e eu bufo quase louca de ciúmes, desde que
assumimos o nosso noivado ela se afastou dele, mas às vezes encontrávamos com
ela por acaso em algum lugar ou ela vinha até a empresa, como hoje. Assim que
chego perto eles percebem minha presença, Alicia me cumprimenta com dois
beijinhos e Alexandre segura na minha mão.
-
Vamos, estamos atrasados. – eu digo olhando diretamente para ele.
Alexandre
olha no relógio e parece se assustar.
-
Nossa nem havia percebido. – ele sorri. – Me distraí conversando com a Alicia.
-
E sobre o que vocês conversavam? – pergunto sustentando um sorriso e olhando de
um para o outro.
-
Falávamos do meu pai, ele está inquieto em casa. Acho que já se arrependeu da
sua aposentadoria. – Alicia responde.
-
Nós sentimos muito a falta dele. – retruco sincera.
-
Não mais que ele a de vocês. – ela brinca. – Fernanda eu estou te achando um
pouco cansada.
-
Ela está trabalhando demais Alicia. – Alexandre se queixa e eu reviro os olhos.
– Quase não tem parado em casa.
Ele
está certo, mas neste momento eu quero pular em seu pescoço. Esse é um assunto
nosso!
-
Não é bem assim... – minto.
-
É exatamente assim. – Alexandre assegura e me encara.
-
Fernanda você só pode estar louca, eu no seu lugar não sairia de casa. – Alicia
fala com humor e olha para o Alexandre.
Eu
sei que é uma brincadeira, mas não consigo levar na esportiva. Talvez porque
sei que no fundo a Alicia gosta do Alexandre.
-
Mas você não está no meu lugar. – as palavras saem da minha boca em um total
desagrado.
-
Fernanda foi uma brincadeira. – Alexandre diz desconfortável.
-
Desculpa Nanda, eu não falei por mal. – Alicia me olha sem graça.
Oh
meu Deus o que está acontecendo comigo? Será que estou passando por algum
desses estágios malucos pré-casamento?
-
Alicia eu é que me desculpo, não quis soar grossa. Deve ser o estresse... –
digo envergonhada.
-
Está tudo bem Nanda. – Alicia pega no meu braço em sinal de apoio. – Eu não vou
mais atrasar vocês, tenham uma boa noite. – ela se despede e vai embora nos
deixando sozinhos.
Não
preciso olhar o Alexandre para saber que ele está me analisando neste exato
momento.
-
Me desculpa por isso, eu...
-
Fernanda em casa conversamos. – me corta e eu o fito tentando saber se ele está
com raiva de mim. – A Marta está nos esperando.
Eu
assinto e ele me puxa pela mão em direção a saída.
Toco
a campainha da casa da Marta e espero, aproveito para observar mais um pouco a
Fernanda, eu estava preocupado com ela. Seu rosto tinha uma expressão cansada e
os ombros estavam caídos, poderia apostar que ela havia perdido uns dois
quilos. Desde que assumiu a Diretoria Comercial da empresa no lugar do Dr.
Tomas Fernanda vem se afundando no trabalho cada vez mais, no inicio achei
normal, mas com o tempo ela foi ficando obcecada e com a aproximação do
casamento a coisa só piorou. Eu reconhecia a sua luta para dar conta de tudo,
Fernanda estava se desdobrando, às vezes parecia ser duas em uma, mas a verdade
é que aquilo não estava funcionando. Principalmente para nós. Porra como eu
sentia a falta dela, não só do sexo, mas dela em si, das nossas conversas, das
nossas risadas e até mesmo das nossas brigas infindáveis.
-
Até que fim vocês chegaram! – Marta aclama assim que abre a porta. – Pensei que
não fossem vim mais!
-
A Fernanda atrasou um pouquinho. – esclareço dando um beijo em seu rosto e
passando por ela, Fernanda vem logo atrás.
-
Então ela continua trabalhando demais. – Marta lança um olhar acusador para Fernanda.
-
Pronto! Agora todo mundo resolveu implicar comigo. – Fernanda se irrita e senta
no sofá visivelmente cansada.
-
Nanda ninguém está implicando, nós só estamos preocupados. – Marta senta ao seu
lado.
-
Cadê o Gugu? – pergunto mudando de assunto, mais tarde conversaria com a
Fernanda. – Eu trouxe um presente! – balanço a sacola que trago na mão.
-
Está no quarto com o Sérgio. – Marta sorri. – Vá até lá, aproveite e os traga,
o jantar será servido.
Assinto
e dou uma ultima olhada na Fernanda, ela tem a cabeça apoiada no encosto do
sofá e os olhos fechados, parece esgotada.
-
Vamos Fernanda! – Marta me sacode e eu abro os olhos assustada. – O que está
acontecendo?
-
Como assim? – a encaro me ajeitando melhor no sofá.
-
Vocês discutiram? – ela ergue uma sobrancelha.
-
Oh Marta e você acha que ando com tempo para discutir? – pergunto com uma
expressão derrotada. – Ele está chateado com essa minha rotina maluca.
-
E com razão não é? Fernanda eu entendo tudo o que você está fazendo, mas me
responde somente uma coisa? Está valendo o sacrifício?
-
No campo profissional sim. – dou de ombros.
-
E no pessoal?
-
Não. – abaixo a cabeça. – Eu sinto a falta dele, mas não vai ser assim para
sempre é só até os acionistas pararem de me pressionar, eu não quero vacilar
Marta, eles só estão esperando um errinho meu para...
-
Fernanda eu sei disso, mas tem que haver uma forma de você continuar o seu
trabalho sem prejudicar sua vida pessoal. Poxa vocês se casam na semana que
vem! Querida eu vou lhe dizer uma coisa, casamento exige muito das duas partes
é praticamente um segundo emprego, precisa de atenção, administração, paciência
e tempo.
Coloco
a cabeça entre as mãos para me acalmar após as palavras da Marta, ela estava
coberta de razão.
-
Você já descobriu para onde ele foi mês passado? – pergunta Marta após um
tempo.
-
Não. Estou esperando ele falar algo, mas também não posso reclamar, mal fico em
casa. – respondo com uma expressão neutra.
No
mês passado Alexandre viajou, segundo ele a Universidade Federal do Amazonas o
havia convidado para palestrar em um evento sobre Empreendedorismo e Gestão de
Negócios, ele disse ainda que aproveitaria a viajem para se encontrar com
alguns empresários amazonenses, se não me engano Alexandre ficou fora cerca de
vinte dias. O problema é que mentira tem perna curta, há alguns dias abri sem
querer uma correspondência dele que estava junto com as minhas e olha só a
ironia, era um convite da Universidade Federal do Amazonas para o evento que
ele já havia participado só que o mesmo estava com a data marcada para a semana
que vem.
É
claro que eu o confrontei, perguntei o porquê de ele estar recebendo um convite
para uma palestra quando ele já havia participado da mesma no mês passado e ele
veio com uma desculpa sem pé e nem cabeça de que houve um erro na data dos
convites de alguns dos palestrantes convidados, ele até brincou dizendo que o
correio deve ter feito o caminho mais longo de entrega, pois o convite além de
errado chegou atrasado.
Você
engoliu? Pois é, eu também não. Contei para a Marta o que havia acontecido e
ela disse que só teria uma maneira de descobrir a verdade. Ligamos para a
Universidade e o que eu já suspeitava se confirmou: Alexandre mentiu. Não houve
palestra alguma no mês passado, a palestra seria este mês.
-
Nanda você tem sangue de barata, eu no seu lugar já teria confrontado o Sérgio!
– Marta fica indignada.
-
Marta o Alexandre nunca mentiu para mim, essa foi a primeira vez. Então algum
motivo ele deve ter tido e eu tenho certeza que cedo ou tarde ela vai me
contar. Por mais que eu fique intrigada, no fundo algo me diz que ele nunca
faria nada para me magoar.
-
Mas não estou dizendo que ele fez algo de errado. – Marta intervém. – O
Alexandre ama você e depois de tudo que passaram duvido que ele fosse louco de
fazer algo que colocasse a relação de vocês em risco, mas o fato é que ele
mentiu e está escondendo algo.
-
Eu acho que talvez seja alguma surpresa de casamento. – pondero. – Pode ser
isso não pode? – pergunto esperançosa.
-
É verdade, pode ser que seja isso. – Marta sorri e se levanta. – Vamos
continuar o papo na cozinha? Tenho que por a mesa.
-
Ok, eu te ajudo.
Paro
na porta do quarto e observo Sérgio embalar o meu afilhado nos braços, ele chora
copiosamente e Sérgio o troca de posição para obter sucesso em sua missão, mas
não adianta, Gugu não para de berrar.
-
Sérgio que vergonha! Quando você vai aprender as manhas? – me aproximo com um
sorriso presunçoso no rosto. – Passa o meu afilhado para cá. – exijo estendendo
os braços.
-
Falou a Super Nany, da última vez que você trocou a fralda dele a parte de trás
estava na frente e vice-versa. – ele me zoa e eu cerro os olhos.
-
Isso só aconteceu porque você me azucrinava enquanto eu a colocava. – me
defendo colocando a sacola com o presente em um sofá pequeno. – Agora me dá o
Gugu.
Sérgio
revira os olhos me passando o bebe, eu o ajeito em meus braços e ele me fita
com aqueles olhinhos cor de chocolate.
-
E aí garotão! Seu padrinho trouxe um carrinho de controle remoto pra você! –
digo animado e o choro dele vai se tornando mais fraco a cada instante era
sempre assim, eu o pegava e ele parava de chorar.
-
Alexandre ele só tem três meses. – Sérgio gargalha. – Você é muito sem noção!
Cerro
o maxilar.
-
Eu acho que alguém aqui morre de ciúmes de você Gugu. – provoco. - Só porque eu
sei fazer você parar de chorar.
-
Há-Há-há muito engraçado Alexandre. – Sérgio bufa.
-
Você será flamenguista não é campeão? – brinco com o Gugu e ele me dá um
sorriso banguelo.
-
São-paulino. – Sérgio range os dentes. – Ele será são-paulino como o pai.
-
Vai falar dindo antes de papai. – eu aperto o narizinho do Gugu.
-
Nunca! – Sérgio se irrita. – Quer parar de por ideias na cabeça do meu filho?
-
Olha campeão o papai ficou bravo! – dou uma risada aconchegando o Gugu em meus
braços.
-
Ainda bem que ele não entende porcaria nenhuma do que você fala, caso contrário
eu estaria perdido. – Sérgio reprova. – Vou para a sala ver se Marta quer
alguma ajuda com o jantar, você traz o Gustavo.
-
Daqui a pouco vamos, não é garotão? – brinco mais uma vez só para vê-lo sorrir
pra mim.
Sérgio
sai do quarto nos deixando sozinhos, eu não entendo a ligação que tenho com o
Gustavo, só sei que quando o tenho em meus braços sinto um amor enorme. Foi
assim desde a primeira vez em que o peguei, ele chorava e então Fernanda o entregou
para mim e como em um passe de mágica seu choro cessou instantaneamente.
Sinto-me
amado todas as vezes que o pequeno Gustavo olha ou me dirige um sorriso, nesses
momentos não consigo pensar em mais nada. É uma explosão de sensações bem aqui
dentro do meu peito, quero amá-lo, protegê-lo e cuidá-lo, ele é tão frágil e
indefeso.
*******
Os
jantares na casa da Marta tinham como marca registrada a diversão. Sérgio não
perdia a oportunidade de comentar o quanto eu tinha tato para cuidar do
Gustavo, nunca admitiria isso em voz alta, mas realmente eu não levava o menor
jeito, o mais importante é que Gugu não se importava se eu sabia ou não trocar
fraldas, ele me adorava e ponto. Sempre que o Gustavo fazia um mês de vida nós
reuníamos para um jantar, foi assim desde o primeiro mês e acabou virando
rotina, eu sempre levava presentes, presentes estes que o Sérgio fazia questão
de dizer que eram inapropriados para a idade do filho. No primeiro mês dei uma
bola de futebol, no segundo uma piscina de bolinhas em formato de dinossauro e
hoje trouxe um carrinho de controle remoto, Marta sempre me defendia das
zoações do marido dizendo que Gugu poderia brincar assim que crescesse. Após o
nascimento do Gustavo me aproximei muito do Sérgio, ele era um cara legal e
extremamente calmo, além de engraçado, às vezes até saíamos juntos para
assistir a alguns jogos de futebol nos estádios ou tomar cerveja em algum
barzinho, acho que posso dizer que nos tornamos amigos.
Depois
do jantar fomos para a sala tomar café, Fernanda se sentou no sofá com o Gugu
nos braços e eu a secava como um bobo, ela nasceu para ser mãe, acho que essa
característica já veio em seu DNA. Um filho nosso seria uma mistura
interessante, nós dois temos gênios fortes, dei um sorriso com o pensamento.
Após
ler o artigo do Lucas sobre reversão de vasectomia, há alguns meses atrás, fiquei
com mais dúvidas, Lucas acabou cumprindo sua promessa e veio a São Paulo com a
família, ele se hospedou na cobertura e tivemos uma conversa sobre o assunto,
achei que todo aquele interesse da minha parte era apenas curiosidade, mas não,
era algo muito maior. Acompanhei de perto a gravidez da Marta, fui há mais
algumas consultas e o fascínio só aumentava, quando o Gustavo nasceu e eu o
peguei nos braços pela primeira vez foi que consegui entender o que o meu
coração dizia.
Eu
tenho algo de bom para oferecer e o
melhor... eu quero oferecer.
Matematicamente
minhas chances eram boas, mesmo quatro anos após minha vasectomia eu tinha
noventa por cento de chances de ter sucesso na reversão e Fernanda setenta por
cento de chances de engravidar. Lucas disse que se eu esperasse mais, não
poderia ter tanto sucesso.
Foi
aí que me decidi.
Há
um mês fiz a cirurgia e recuperei minha fertilidade, Fernanda não sabe de
absolutamente nada, no inicio eu não quis contar para não gerar expectativas,
poderia dar tudo certo, como também poderia não dar. Caso a reversão não
ocorresse como o esperado eu estava disposto a tentar ter um filho de outra
forma, quem sabe uma inseminação artificial ou adoção, mas deu certo e agora eu
procurava a melhor forma de contar a Lindinha.
-
Ah eu fiz pudim! – Marta fala de repente na sala e eu volto do transe em que me
encontrava. – Vou buscar na cozinha. – ela se vira para mim. – Pode me
acompanhar para ajudar a trazer os pratos e talheres?
-
Pode deixar que eu vou amor. – Sérgio se oferece.
-
Não querido fique com a Nanda e o Gugu. – ela recusa. – O Sr. Alexandre vai.
Ela
anda na frente e eu a acompanho, Marta entra na cozinha e abre a geladeira
tirando um pudim que pela cara estava muito bom.
-
Quando você vai contar a Nanda sobre a casa? Espero que seja logo porque eu não
vou aguentar manter segredo por muito tempo. – Marta dispara colocando o pudim
sobre a mesa e abrindo o armário para tirar alguns pratos e talheres.
Eu
havia comprado uma casa para morarmos assim que nos casássemos, como eu queria
fazer surpresa pedi a Marta para me ajudar na decoração.
-
Marta, por favor, você prometeu que não ia falar nada. – me desespero com medo
dela abrir a boca e estragar a surpresa.
-
Eu sei que prometi, mas às vezes fico com medo de soltar sem querer, é que a
casa ficou tão linda e eu estou tão animada!
-
Ela vai saber na nossa lua de mel. – dou um sorriso. – Eu vou levá-la para lá.
-
Ai que bonitinho. – Marta se aproxima de mim e aperta minhas bochechas me
irritando profundamente.
Quantos anos ela
acha que tenho?
-
Marta para com isso eu não sou criança! – me irrito e me afasto dela indo para
o lado oposto da cozinha.
-
Desculpa! – ela dá uma gargalhada. – É que acho tão fofo tudo o que você está
fazendo. – ela fica emocionada. – Não preciso nem consultar uma bola de cristal
para saber que vocês serão felizes.
Acompanho
o sorriso que ela acaba de me oferecer.
-
Nem eu.
Assim
que Alexandre abre a porta da cobertura eu entro e me jogo no sofá, Yellow vem
correndo e pula no meu colo. Ele está maior e bem gordo, apesar de não ser mais
um filhote a fofura não o abandona.
-
Ei o que foi? – pergunto a ele com voz doce. – Parece triste.
-
Pelo visto não é só eu que sinto a sua falta. – Alexandre fala passando por
mim, ele para e faz um carinho na cabeça do Yellow. – O bola de pelos também.
Ergo
a cabeça para encará-lo e nossos olhos se encontram, Alexandre solta um suspiro
e então volta a andar, ele sobe as escadas de dois em dois degraus e vai para o
quarto me deixando sozinha com o Yellow.
-
Eu tenho sido uma pessoa péssima com vocês não é? – indago encarando o bichano.
– Você acha que eu devo ir lá em cima falar com ele? – Yellow mia me fazendo
rir. – Isso foi um sim?
Coloco
Yellow no sofá e coço a barriga dele por alguns segundos, depois subo as
escadas e vou atrás do Alexandre. Abro a porta do nosso quarto e o encontro
desabotoando os botões da camisa na frente do espelho, sento na cama e o
observo em silencio, Alexandre tira a camisa me presenteando com a melhor visão
do meu dia e eu mordo o canto da minha boca.
-
Eu sei que tenho sido uma idiota me matando de trabalhar e deixando a gente de
lado. Eu só estou tentando fazer o melhor, mas acabo me esquecendo que por mais
que eu tente nunca vou conseguir ser cem por cento em tudo. – começo chamando a
atenção dele que me olha através do espelho. – Me perdoa?
Alexandre
se vira e caminha até a cama sentando bem pertinho de mim, ele coloca uma mecha
do meu cabelo atrás da orelha e me estuda.
-
Eu não quero competir com o seu trabalho, pelo contrario eu tenho muito orgulho
do que você vem desenvolvendo na empresa. – ele chega mais perto e segura na
minha nuca. – Mas eu preciso que você ajuste as coisas Fernanda, que você tenha
um tempo para você, para nós.
-
Eu vou ajustar. – beijo meus dedos cruzados. – Prometo.
-
Eu sinto a sua falta. – ele beija a minha testa demoradamente. Sua mão entra na
minha saia social e aperta minha coxa. – Está muito cansada?
-
Pra que? – gemo quando ele morde a minha orelha.
-
Para dar um jeito no meu problema. – responde me provocando com lambidas no
pescoço, minhas mãos deslizam por suas costas sentindo os músculos sólidos. –
As coisas aqui embaixo andam bem duras ultimamente.
Como
se para provar, Alexandre me pega pela cintura e me traz para seu colo, coloco
uma perna de cada lado do seu corpo sentindo sua ereção oscular meu sexo, ele
aperta os meus seios com as mãos e eu gemo em resposta. A Alicia tinha razão,
eu só podia estar louca passando horas na empresa e me privando dessa delicia
que tenho em casa.
Matem-me, por
favor!
-
Lembra aquele filme que assistimos juntos não faz muito tempo? – mais que raios
de perguntas é essa? Eu estou transbordando de excitação e ele vem me falar de
filme?
-
Qual? – murmuro em transe, pois suas mãos continuam a esmagar meus seios em uma
tortura alucinante.
-
Aquele que o protagonista é um bombeiro. – sua voz sai rouca.
Hum...
agora me lembrei. Eu chorei muito, o que não é novidade em filmes de romances.
O nome deste a que Alexandre se referia era À Prova de Fogo, o bombeiro em
questão é um marido ausente e depois de sete anos de união o relacionamento
está chegando ao fim. O seu pai pede então que ele inicie uma experiência de 40
dias, denominada “O desafio do amor”, na tentativa de salvar o casamento.
-
Eu me lembro do filme. – afirmo enlaçando seu pescoço com os braços.
-
Então... você disse que praticamente todas as mulheres tem fantasias com
bombeiros.
-
Hunrum... isso é um fato.
Alexandre
me tira do seu colo e me coloca de volta na cama, ergo as sobrancelhas
surpresas.
-
Eu não quero a minha futura mulher tendo fantasias com outros homens. – ele se
levanta e o olho boquiaberta. O que é isso? Crise de ciúmes logo agora?
Ele
caminha até o closet e saí de lá com uma grande sacola preta nas mãos.
-
O que está acontecendo?
Ele
chega perto de mim e eu perco o rumo com o seu peitoral exposto.
-
Você fica aqui e me espera. – ele diz com um sorriso que nunca presenciei em
seus lábios e depois some para dentro do banheiro fechando a porta atrás de si.
Cruzo
os braços totalmente atônita. Alguém pode me explicar que merda está
acontecendo?
Primeiro ele vem com um papo de filme bem na
hora do nosso amasso, depois fala de fantasias com bombeiros e agora some para
dentro do banheiro me deixando sozinha.
Me
apoio na parede e tiro as sandálias de salto, quando meus pés tocam o chão o
alivio é instantâneo, ando pelo quarto de um lado para o outro esperando que meu
futuro marido saia de dentro do banheiro, mas até agora nada. Caminho até a
porta decidida a arrombá-la se for necessário, mas ela se abre antes que eu
chegue.
Oh.
Meu. Deus.
Meu forninho caiu!
Alexandre
está vestido de bombeiro e que bombeiro...
Ele
veste um blusão anti-chamas totalmente aberto expondo seu tórax e sua barriga
tanquinho, a calça bege com cinto vermelho aperta suas pernas com tamanha
perfeição que me deixa salivando e as botas dão uma finalização especial ao
visual.
Imaginem...
Não! Não imaginem!
Eu
quero essa imagem só para mim.
Puta
que pariu ele está sexy demais...
Bendito filme!
Ele
caminha até onde estou e coloca um sorriso safado na boca que molha minha
calcinha em questão de segundos.
-
Foi aqui que chamaram um bombeiro? – pergunta me puxando para ele.
Certamente!
-
F... foi. – balbucio tomando fôlego.
-
Onde é o incêndio? – seu olhar desce para meus seios que sobem e descem sob a
blusa.
Oh... tem um
acontecendo neste exato momento bem no meio das minhas pernas.
Penso
e minhas bochechas ficam rosa.
-
E com o que você vai apagar o incêndio? – a pergunta escapa da minha boca e ele
me fita com os olhos desdenhosos.
-
Com a minha mangueira.
-
Oh... e ela é muito grande?
Os
olhos dele se escureceram com a pergunta, então ele me vira de costas com
rapidez, minhas costas batem em seu peito, meu bumbum se choca com a sua
ereção. Alexandre envolve minha cintura com seu braço e sua boca roça em meu
pescoço.
-
Ela é enorme. – sua voz ofega e minhas pernas ficam bambas. – Eu estou louco
para fazer você sentir a potência dela.
Oh Deus!
Alexandre
me vira pra ele e puxa minha blusa de dentro da saia, ele desabotoa os botões
revelando meu sutiã meia taça com estampa de oncinha e em instantes a blusa é
passada pelos meus ombros indo de encontro ao chão. Com os olhos fixos nos meus
ele abre o fecho do meu sutiã e os meus seios ficam livres, eles estão pesados,
inchados clamando pelo toque dele.
Alexandre
poe meu mamilo na boca chupando com força, gemo enterrando a minha mão em seus
cabelos e clamando desesperada, seus dentes prendem o bico causando um prazer
alucinado no meu corpo, ele passa para o outro seio dando a mesma atenção e eu tenho
que me segurar nele para não desabar.
-
Me diz. – ele exige chupando a base do meu seio, me marcando como sua.
-
O... que?
-
Que você quer meu pau aqui... – sua mão entra na minha saia e sobe até
encontrar a minha calcinha, ele a afasta para o lado e introduz dois dedos em
mim. – Caralho! Que bocetinha mais molhada...
-
Me foda Alexandre! – grito, ou melhor, imploro. – Me foda, por favor!
Ele se afasta e tira o blusão o atirando longe,
suas mãos apressadas desafivelam o cinto e abrem o botão da calça e em seguida
descem o zíper, Alexandre abaixa a calça junto com a cueca até o meio das pernas
e seu membro salta para fora duro, grande e potente. Ele me puxa pelo braço
ferozmente e levanta minha saia até a cintura, com um simples puxão minha
calcinha é rasgada em dois pedaços.
-
Vou enterrar o meu pau nessa bocetinha viciante do caralho! – ele ruge erguendo
minhas pernas do chão e as passando em volta do seu quadril.
O
abraço pelo pescoço e deslizo para dentro dele, Alexandre caminha pelo quarto e
minhas costas batem na parede, então ele começa a estocar duro dentro de mim,
me penetrando profundamente.
-
Ah meu bombeirão! – grito rebolando no seu pau.
Suas
mãos cravaram em minha bunda e sua boca chupa meu pescoço arrepiando cada
pelinho do meu corpo. Não demoro a gozar, Alexandre parece me rasgar por
dentro, empurrando meu útero a cada movimento de vai-e-vem.
-
Ah Alexandre! – convulsiono perante o orgasmo, nunca gozei tanto em minha vida,
agora eu entendo o que era uma ejaculação feminina.
Alexandre
não cessa com seus movimentos rápidos e precisos, o tesão chega a ser concreto,
ele mergulha dentro de mim me fodendo duro, alargando as paredes do meu sexo,
exigindo seu espaço. Sua boca encontra a minha e ele chupa o meu lábio inferior
antes de enroscar sua língua fervente na minha, o beijo se aprofunda molhado,
salivante e eu o sento no fundo da minha garganta.
Meu
corpo se circunda e eu gemo baixinho, Alexandre aprofunda as estocadas ora
rápido, ora lento e eu gozo mais uma vez. Meu mundo gira e eu tenho que
interromper o beijo para tomar fôlego, mordo meus lábios inchados e fecho os
olhos sentindo-o todo, completo. Alexandre enterra a cabeça nos meus seios
enquanto o seu corpo treme, ele estava perto, bem perto. Mexo os meus quadris
em movimentos giratórios e ele solta uma série de palavrões, suas estocadas
passaram a ser refreadas, em um espaço de tempo maior, mas continuam duras me fazendo
pular, até que ele para de se mover e enterrado em mim goza, seu jato quente me
submerge em um mar de sensações indescritíveis.
-
Fernanda... – meu nome escapa de sua boca como uma prece.
Crio
forças e o encaro, minhas pernas se soltam do seu quadril e meus pés tocam o
chão.
-
Oi.
-
Eu quero ser tudo pra você, quero que só fantasie comigo, que só pense em
mim...
Um
sorriso surge nos meus lábios, ele havia ficado com ciúmes do bombeiro do
filme!
-
Você sempre foi tudo pra mim, eu posso até achar outros homens bonitos, o que é
normal, mas eles são drasticamente humilhados quando os comparo a você, porque
para mim só existe você.
Ele
me olha enfeitiçado.
-
Ouvir isso fez um bem enorme para o meu ego, ele estava bem machucado já que
nos últimos dias eu estava sendo trocado por reuniões e papeladas. – implica de
bom humor e eu cerro os olhos para ele.
-
Não fiz por mal. – faço beicinho. – Eu só queria...
Ele
coloca o indicador em meus lábios.
-
Eu sei, está tudo bem. – sorri. – Mas não vou admitir que você volte a
trabalhar como vinha fazendo.
-
Depois de você me mostrar o que eu estava perdendo isso está totalmente fora de
cogitação! – brinco e ele sorri depositando beijinhos na minha bochecha.
Acordo
sentindo cócegas na barriga, abro os olhos e Fernanda está distribuindo beijos
suaves no meu abdômen, enrolo minha mão no seu cabelo e a puxo para cima,
percebo que já acordou a um tempo, ela veste uma blusa minha e seus cabelos
estão molhados cheirando a shampoo.
-
Hum... que belo jeito de despertar, acho que vou querer isso todos os dias. –
minha mão aperta a bunda dela.
-
Não se anime! – ela tira minha mão e eu franzo o cenho. – Eu tenho algo muito
importante para fazer agora.
Minha
expressão se fecha, ela tinha me prometido ontem que não ia voltar a trabalhar
como uma louca! Apoio minhas mãos no colchão e me sento com a expressão nada
boa.
-
E o que é tão importante assim? – cruzo os braços.
-
O seu café da manhã. – ela diz entre risadas e eu me sinto um bobo por duvidar
que ela faltaria com a palavra. – Eu mesma vou preparar e trazer aqui... na
cama.
Dou
um sorriso de canto.
-
Que tal você ser o meu café da manhã?
Ela
bate no meu braço.
-
Seu tarado!
Solto
uma gargalhada e ela se levanta, a vejo vestir um shortinho e minha ereção
matinal entra em cena, ela está sexy com a minha camisa e esse short.
- Eu volto logo com o seu café. – ela pisca
pra mim e me dá as costas me fazendo vibrar com a visão da sua bunda.
-
Não se iluda Lindinha, mesmo que você traga um banquete, ainda será você que vou
querer comer. – provoco e ela se vira com um sorriso lindo no rosto.
-
Depravado! – ela pega uma almofada da poltrona e atira em mim antes de sair
pela porta.
Desço
as escadas saltitante, não há limites para ser feliz quando se tem ao lado alguém
como o Alexandre.
Como
ele consegue ser tão perfeito?
Tomo
a direção da cozinha quando a campainha toca, olho para a roupa que estou
vestida em dúvida se devo atender a porta assim ou não, a blusa do Alexandre me
cobre até o meio das pernas e por baixo visto um short, não estou descomposta
afinal. Como o porteiro não interfonou imagino que deva ser alguém intimo ou talvez
alguma entrega, passo a mão pelos cabelos molhados ainda do banho e atendo a
porta.
-
Bom dia Dona Fernanda. – o porteiro me saúda. – Deixaram isso aqui lá na
portaria endereçado a senhora.
Ele
tem uma expressão desconfortável e eu entendo o porquê quando meus olhos
desviam do seu rosto para o que ele tem nas mãos: uma coroa de flores. As
flores estas que estão pintadas de preto e há ainda uma faixa branca enorme
contornando a coroa com os dizeres: Saudades
Eternas.
Engulo
em seco com aquela visão macabra e meu corpo se arrepia.
-
O mais estranho é que falaram ser um presente de casamento. – o porteiro fala constrangido
e eu seguro no batente da porta para não cair.
Respiro
fundo buscando o ar, não consigo desviar os olhos daquela coroa cheia de flores
negras, abraço meu próprio corpo para me proteger, sinto meu rosto molhado e
então percebo que estou chorando. Choro por medo, aquilo significa morte. A
felicidade que sentia agora a pouco evapora como fumaça e eu me desespero.
-
ALEXANDREEE! – grito com todas as minhas forças.
Eu
preciso dele depressa.
Preciso
dos seus braços em volta de mim.
Meu
porto seguro.
Meu
tudo.
2 comentários:
Tomará que a surpresa da Rebeca seja somente isto.
Quando sairá o próximo capítulo Josi?
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